Mercado de congelados ganha espaço durante a quarentena
Os efeitos do coronavírus, que desestabilizaram milhares de empreendimentos do setor alimentício, criaram também oportunidades para pequenas e médias empresas de todo o país
A pandemia está fazendo com que o mercado de congelados ganhe espaço, pessoas de todo o país vejam seus freezers sob um novo ponto de vista. Segundo especialistas, a demanda por entregas, tanto de itens de supermercados quanto de alimentos congelados, teve uma alta histórica nos últimos meses e deve permanecer como prioridade entre os consumidores mesmo após o final da quarentena. Essa mudança desestabilizou milhares de empreendimentos e lançou um novo desafio para o setor alimentício.
Felizmente, novas possibilidades surgiram, principalmente para as empresas de pequeno e médio portes, que adaptaram suas operações para superar os efeitos da crise. Exemplo disso é a rede paranaense Bangalô dos Pastéis. Fundada em 2005, em Guaratuba, no Litoral do Estado do Paraná, a empresa conta atualmente com nove unidades espalhadas pelo Paraná e Santa Catarina, mas foi durante o período de isolamento social que viu o cenário perfeito para o lançamento de sua linha de congelados, massas e condimentos.
De acordo com o especialista Jamerson Moreira, professor de Estratégia Empresarial no ISAE Escola Negócios, essa mudança de mercado requer um gerenciamento extremamente robusto, principalmente para as empresas de pequeno porte. “A cadeia de abastecimento da empresa precisa ir além da legislação específica e rígida para a produção de congelados, envolvendo também a necessidade de uma operação logística ágil e que não permite erros de planejamento de demanda, desde a visibilidade de compras, passando pelo armazenamento de insumos, processamento na cadeia produtiva, armazenamento dos produtos até a entrega”, diz ele.
Para suprir essas necessidades, uma rodada de investimento também robusta é o primeiro passo rumo à expansão da empresa e o lançamento do novo negócio. No caso da rede Bangalô dos Pastéis, o investimento foi de aproximadamente R$ 80 mil, além do gasto com treinamentos periódicos e manutenção preventiva dos equipamentos de refrigeração. “Com a chegada da pandemia, que acabou destruindo o planejamento anual das empresas do setor da alimentação fora do lar, fomos obrigados a desenvolver novos projetos, conceitos e formas de atuação. Foi aí que resolvemos investir fortemente em uma linha de congelados e condimentos, levando o Bangalô dos Pastéis para a casa dos brasileiros”, explica Augusto Pedrotti, sócio proprietário da rede Bangalô dos Pastéis.
Uma vez que as pequenas e médias empresas puderam se manter ativas na cadeia de abastecimento, sendo reconhecidas por seus antigos e novos clientes, elas têm a oportunidade de se manter estáveis para a retomada do consumo. Ainda assim, Jamerson aponta a necessidade de uma atenção especial à identificação de erros e acertos nos 4 P’s (Preço x Produto x Praça x Promoção). “Fazer mais que o básico é primordial neste momento, pois ainda que com restrições, os consumidores continuam atentos às marcas e suas ações”, diz. “Mas mais do que inovar nos produtos (portfólio) e nos serviços (operação), é necessário validar o que dá certo (manter) e assumir o que dá errado (melhorar), para seguir sempre melhorando e inovando”, completa o especialista.
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